Stacey completou 24 anos, tendo agora além do marido e dois filhos, um emprego. Recém-formada, é a primeria vez como professora. Ao chegar no endereço, no entanto, o choque: o abrigo de sem tetos se encontra longe de qualquer educação. A única sala de aula está depredada, pais e filhos amontoadas se dividem no espaço ao lado, uma área de convivência, metodologia pedagógica, inexistente: colocar aquelas crianças para comer e assistir televisão em uma tentativa de, assim, elas deixarem de lado a agressividade. Não podia ser daquele jeito, ela não poderia ficar parada. Pouco a pouco, tirando recursos do próprio bolso, reformando sozinha a sala, comprando materiais, tentando sensibilizar governantes, ela conquista os responsáveis. Motiva neles também a vontade de estudar, os mostra a importância de um dever de casa, dos filhos saberem ler, escrever, fazer contas, de acompanharem, de incentivarem. Stacey Bess mudou realidades em Salt Lake City nos anos 1980 e sua história foi parar no cinema em 2011, com o longa “Beyond the blackboard” (Além da sala de aula), protagonizado por Emily VanCamp.
Esta matéria começa com importantes lições de Stacey: educação não se faz sozinha, é resultado de uma simbiose que envolve também os pais. Educação é ir, como diz o nome do filme, além do quadro negro, da sala. Educação é estar onde a criança mora, entender como ela vive, para então agir. São esses os princípios por trás do Serviço Social desempenhado na Escola La Salle RJ, um trabalho da assistente social Fabiana da Gloria P. Nogueira Ferreira. Um dos destaques é a visita domiciliar, quando Fabiana, e sua equipe, vai até as famílias.
“Nestes encontros promovemos a acolhida da diferença, pois ‘existir é diferir’”, explica ela, “Consequentemente, o instrumento da visita domiciliar contribui para desconstruir rótulos acerca da vida das famílias que atendemos, propicia aproximação com outras histórias, outros mundos, antes não perceptíveis aos campos institucionalizados. Visitantes e visitados se aproximam, e se potencializa ‘escuta e olhar sensíveis e atentos’”.
Conheça mais algumas das ações desenvolvidas:
Visitas domiciliares – As visitas domiciliares são realizadas semanalmente. O Serviço Social tem como pressuposto acabar com a ideia de vistoria ou fiscalização. O objetivo é reinventar o sentido de visita e criar linhas capazes de aproximar o profissional do mundo vivido por nossas crianças.
Sábado Aberto – Evento organizado com a mobilização de vários atores sociais e inclusão de serviços à comunidade, integrando escola e família. Hoje, já é um projeto consolidado, com ampla adesão da comunidade.
Outubro Rosa – Através de levantamento junto às mães foi constatado que mais de 80% delas não realizavam acompanhamento médico regular. Com o intuito de dar maior visibilidade a esta questão, foi proposta a realização de um evento específico voltado para a saúde da mulher junto ao movimento Outubro Rosa. No ano passado foram oferecidas palestras e atividades visando a prevenção e combate ao câncer. O projeto contou com a colaboração de profissionais da Escola La Salle RJ (Odontologia e Nutrição), Colégio La Salle Abel Ensino Médio (Psicologia), Unilasalle-RJ (professores), Instituto Nacional do Câncer (INCA) e voluntários.
Reunião de equipe ampliada interdisciplinar – Os encontros tornam possível dar maior suporte aos professores para conduzir questões educacionais e sociais, melhorando o desenvolvimento do aluno em sua totalidade.
Reuniões temáticas – Espaços de diálogo com as famílias para discutir temas transversais como educação, cidadania, exclusão social, saúde e violência, com a participação de palestrantes e convidados.
Pesquisas – O Serviço Social busca integrar as atividades de assistência direta ao educando com o desenvolvimento de pesquisas, por considerar que a Escola La Salle RJ vem se consolidando como um modelo de atenção à criança na educação infantil. A partir da parceria entre Unilasalle-RJ, La Salle RJ e a Universidade Federal Fluminense, dois projetos foram propostos e se encontram em andamento: projeto de pesquisa abalizado pelo Comitê de Ética sobre Gestão Participativa e Sustentabilidade e a proposição de um grupo de estudos em educação infantil.
Estágio em Serviço Social – Em 2015 houve a abertura do Campo de Estágio em Serviço Social, em convênio com o Unilasalle-RJ e a UFF, promovendo a integração entre ensino, pesquisa e assistência. As duas primeiras estagiárias, Juliana Maurício e Flávia Pessanha, farão suas monografias baseadas na experiência vivenciada em nossa escola.
Acompanhamento individual – Contribuindo amplamente para o desenvolvimento do projeto singular de cada criança, a equipe do Serviço Social tenta adequar o projeto pedagógico à condição peculiar destas crianças e familiares. O trabalho minucioso ocorre através do acompanhamento das famílias, estudo de caso e encaminhamentos, além de parcerias para garantir a permanência destas crianças na escola. Sobretudo buscando intermediar o acesso a outros serviços públicos como Secretaria de Assistência Social, Saúde e Conselhos de Direito.
Faz parte das atividades: *Avaliação socioeconômica para obtenção de bolsas de estudo, renovação e/ou suspensão do benefício por descumprimento dos requisitos.
*Monitoramento do “Projeto Incluir” (fornecimento de uniformes).
*Monitoramento de faltas, atrasos e qualquer situação que caracterize violência ou negligência por parte de pais e/ou responsáveis.
*Comunicação aos órgãos de proteção aos direitos da criança em situações que envolvam risco físico, psicológico ou social.