Na colcha de retalhos da vovó cabe o vermelho do amor, o amarelo porque o netinho é o “Sol da sua vida”, o florido representando a alegria da neta, o verde porque ele se acha o Hulk, o azul já que ultimamente “só se fala em Frozen lá em casa”. Cabe também as muitas lembranças da avó de 30 netos, do avô de um só e de quem ainda nem sequer têm filhos, mas pôde vivenciar ou ver de perto esta relação que se explica com um simples, mas poderoso, cafuné. Felipe conhece bem este sentimento. O personagem do livro de Conceil Corrêa da Silva ajuda a sua vó a costurar uma nova coberta, cheia de pedaços coloridos de pano, e entre um ponto e outro, costura junto dela as histórias do passado até compreender o significado da palavra “saudade”.  

Foi Karla Bustamante, coordenadora da Escola La Salle RJ, a responsável pela escolha da leitura para homenagear os avós dos pequenos em dois dias de celebração. “Eu fui criada pelos meus avós desde os três anos. Só fui embora de casa com 34, quando casei. Eles dormiam em lugares separados, meu avô no quarto e minha avó no sofá, com a colcha de retalhos dela. Pegava meu colchão e ia para a sala. Quando cresci entendi que eles só viveram juntos este tempo todo para nos criar. Foi a maior prova de amor que eu tive”, contou Karla iniciando os depoimentos na última terça-feira, 26 de julho.

Tanto no dia da festa do 2º período B e 3º período quanto na segunda-feira, quando as turminhas do 1º período e 2º período A receberam seus parentes, a dinâmica foi construir em conjunto uma grande manta de retalhos, selecionando a cor ou estampa que mais remetesse ao neto. Um por um, os avós foram até o centro da roda para compartilhar suas experiências e colar no grande pano branco a sua contribuição. As crianças vão terminar de construir a colcha em sala.

A dinâmica contou ainda com falas de funcionários da Escola La Salle RJ, como Fabiana da Gloria P. Nogueira Ferreira. A assistente social se emocionou ao recordar do episódio no qual anunciou para a mãe a sua gravidez: “Ela estava internada, o médico tinha nos avisado que teria poucos dias de vida. Lembro de chegar na altura do seu ouvido e sussurrar ‘Mãe, preciso de você, estou grávida, meu filho está vindo aí, mais um netinho para você’. Ela abriu os olhos, olhou para mim sem forças e disse: ‘Minha filha eu vou conhecer o meu neto, vou segurá-lo nos braços’. Minha mãe viveu mais cinco anos. Pude entender um pouco deste amor, que marca todos vocês. É algo muito forte”.

Sentimento ligado por dois lados. Fabiana frisou que os filhos, apesar do pouco contato que tiveram com a avó, mantêm vivos na memória momentos vividos ao lado da matriarca da família, muitos dos quais nem a própria assistente social lembrava. Antes da volta para a casa, o carinho dos netos também poderia ser visto estampado no rosto de cada criança. Nossos anjos entraram correndo no Auditório La Salle à procura de vovós e vovôs, para dar-lhes um gostoso abraço. Em seguida, foi a vez da entrega das lembrancinhas, cujas caixas foram confeccionadas em aula: kit de costura para elas e conjunto de pente + lâmina de barbear para eles.

Diretor da escola e reitor do Unilasalle-RJ, o Ir. Jardelino Menegat participou do primeiro dia da Festa dos Avós. Ele fez referência à mãe Maria Barcaro Menegat, que era avó e faleceu há um mês. O Irmão se dirigiu também às crianças, perguntando o que elas vão levar da La Salle RJ após o 3º período.