Ele é o mais experiente da tribo, aquele que passa aos pequenos indiozinhos a cultura de seu povo, fazendo a história renascer a cada geração. Também cabe ao nosso protagonista o papel de curandeiro, por ter, como nenhum outro, o conhecimento do poder de cada planta. A segunda característica, une o pajé de cocar e cores pelo corpo ao médico com seu jaleco branco. Foi esta a ligação buscada pelos calouros de Medicina da UFF no contato com as crianças da La Salle RJ, durante a nova visita de Sonia Berger e seus alunos à escola.
A parceria vem dando certo desde 2014, quando a docente procurou a coordenadora Karla Bustamente pela primeira vez para dar aos estudantes a prática requerida na disciplina “Trabalho de Campo Supervisionado I”. “Buscamos refletir sobre as dimensões biopsicosocioculturais da saúde e sua relação com a prática médica. Minha área, especificamente, é o trabalho com a criança. A humanização do profissional é ainda mais importante neste caso”, explica Sonia.
Para casar a vinda dos graduandos com as atividades desenvolvidas em sala, Karla deu a ideia de os futuros médicos colocarem acessórios indígenas. O tema era trabalhado, na época, por conta do Dia do Índio. Representando pajés, os calouros dramatizaram uma história para explicar as funções do pediatra, no dia 18 de abril.
“É gratificante”, resume a coordenadora, “tanto para os alunos da UFF que conhecem a nossa realidade e o nosso amor, quanto para os pequenos, que adoram as propostas criadas pelos estudantes. Há sempre diálogo, alguma peça, construção de brinquedos”.