14/06/2017

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Água que é aliança: Batismo Comunitário

Água que é aliança: Batismo Comunitário

O rito carrega consigo os contornos de uma aliança antiga. Era o século XIX, mas antes de Cristo. Deus aparece a Abrão para propor-lhe um pacto. O homem idoso, casado com mulher estéril, se torna o “pai de muitas nações”. Em troca, ele passa a se chamar Abraão e consagra os seus descendentes a Deus. Como sinal da boa relação que o homem estabelece novamente com os céus, após o pecado original, todo menino deve ser circuncisado no 8º dia do seu nascimento. No Novo Testamento, a vinda de Jesus altera o símbolo desta união. Agora, a água é o laço entre o terreno e o celeste, a água que cai na cabeça de Alícia, Ana Clara, Arthur, Davi, Isaque, Isabela, Lia, Maria Júlia, Nycollas, Pyetro, Thiago, Maria Sophia e Moisés.

 

 

Esses são os nomes das crianças que receberam o primeiro sacramento da Igreja no sábado, dia 10, em Batismo Comunitário organizado pela Escola La Salle Rio de Janeiro. Um a um, cada gesto do celebrante, Padre Antonio Sobrinho, marcava nos protagonistas do dia traços da fé: o sinal da cruz na testa, o óleo dos Catecúmenos aplicado no peito, a mão estendida dos padrinhos a abençoar, a chama da vela representando Cristo, a luz do mundo. Como católica, Luziene Coutinho, de 50 anos, já conhecia alguns dos detalhes da cerimônia, mas talvez, até pouco tempo atrás, não imaginasse participar do batizado de uma filha.

“Eu trabalho em orfanato e vivo com Ana Clara uma história de amor à primeira vista. Com um ano ela me chamava de mãe, chorava e vinha para mim, então eu e meu marido decidimos adotá-la e, por conta do vínculo que tínhamos, conseguimos a guarda. Agora, queremos correr atrás do que ela não tem, como o batismo”, conta a orgulhosa Luziene. Atenta, a menina de 5 anos observava com um silêncio curioso Pe. Antonio, enquanto ele explicava a importância do sacramento.

“Jesus fala do batismo de regeneração, dessa nova filiação divina. Nossas crianças são filhas de Deus desde o momento da concepção, mas de modo particular agora elas farão parte da comunidade cristã”, esclareceu o celebrante às muitas testemunhas que tomaram conta da Varanda Cultural naquela manhã. Para recepcioná-los, a direção da escola também deixou algumas palavras. “Toda a vida de Jesus nós tomamos conhecimento depois do batismo, a partir desse novo que precisa ser educado, acompanhado”, afirmou o Irmão Fabrício Heinzmann. Já o reitor do centro universitário, Irmão Jardelino Menegat, utilizou o termo “acolhimento” para classificar a ocasião. Ele felicitou as famílias pela decisão de apresentar o cristianismo às suas crianças e preveniu:

“Não podemos enxergá-la nem vê-la, mas hoje a fé de vocês pais, de vocês padrinhos, está aqui. Portanto, passem isso para elas. Se vocês querem que seus filhos e afilhados torçam para determinado time, vocês levam para o jogo, convidam a assistir. No caso da religião, esse deve ser um compromisso ainda maior, pouco a pouco vocês precisam passar esta dimensão”.

Regeane Christiana Siqueira levou a sério o recado. Madrinha do Pyetro Botelho, de 9 meses, e madrinha de consagração do Arthur Ferreira, de 5 anos, a dona de casa falou sobre responsabilidade em entrevista ao site da La Salle RJ. “Não quero ser a madrinha que só dá o presente”, adiantou, “Eu quero participar, educar, auxiliar, quero que eles sintam conforto de estar comigo. Os dois precisam ter segurança e confiança em mim para eu poder orientá-los sobre o certo e o errado. Para mim, madrinha é segunda mãe”.

É de Regeane a foto que abre esta matéria. A água cai sobre os escuros cachinhos do afilhado Pyetro, que segura a jarra enquanto Pe. Antonio o batiza em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A reação da madrinha é o sorriso, a felicidade de quem tem um afilhado dando os primeiros passinhos no caminho de uma só certeza: há algo muito maior do que nós.  

 

Confira nossa galeria de fotos e, abaixo, alguns clicks da preparação para o batismo, no dia 3 de junho:

 

 

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