Da Angola, uma dança criada por povo tão festivo e alegre veio para o Brasil, após os nativos daquele país serem feitos de escravos. Na época em que ainda éramos colônia de Portugal, os prisioneiros precisavam de uma forma de proteção para que capitães-do-mato não os agredissem tanto. Mas os senhores de engenho proibiam qualquer prática de luta. Então, os escravos passaram a usar o ritmo e os movimentos coordenados de suas danças africanas, adaptando-as a um tipo de luta. Eis que surge a arte marcial disfarçada de dança, a capoeira.
E foi com entusiasmo e diversão que os meninos dos 1°, 2° e 3° períodos iniciaram a sua primeira aula de capoeira, ministrada pelo instrutor Paulo Ricardo Queiroz, mais conhecido como Macarrão. Noivo da professora Shirley Torres, do 2º período, Queiroz ensinará a arte marcial todas as quartas-feiras, enquanto as meninas seguem com aula de jazz às terças e quintas. As atividades voluntárias têm sido buscadas pela Escola La Salle RJ como um complemento ao conteúdo passado em sala de aula.
Passinhos para cá, ginga para lá, os meninos aprenderam as primeiras técnicas da luta que utiliza de disciplina para ser dominada, e tem o valor de combate a violência, já que se caracteriza como arte. Macarrão, acostumado a ensinar para crianças, sabe o quanto a luta, em conjunto com a dança, auxilia os pequenos. “Mostramos a eles que a prática da capoeira não inclui violência. Vai desde um estudo da cultura brasileira, de onde veio, como se pratica, até a confecção de um berimbau”, completa o capoeirista de 35 anos, acompanhado na ocasião pelo mestre Pedrinho, que o ensinou a praticar capoeira.
O professor sabe o quanto é recompensador trabalhar em projetos sociais: “Eu sempre atuei com crianças, já dei aula em outros colégios e até em colônia de férias. Não é fácil, precisamos criar planilhas, pensar em métodos, pois eles têm idades diferentes”.
Os meninos iniciaram as aulas com a orientação de se alongarem. Junto ao instrutor, fizeram todos os exercícios para começarem a gingar e até deram cambalhotas. Aqueles que não dominavam essa técnica, recebiam a ajuda de Macarrão. Ao final da aula, as crianças puderam jogar capoeira umas com as outras, devagarinho, sorrindo e dando abraços no professor. Para ele, uma sensação única: “Trabalhar com crianças é gratificante, os vejo como anjos”.