Arthur, Cayo, David, Eloíza, Estella, Melissa, Maria Luisa, Miguel, Myrella, Samuel, Theo, Valentina e Valentyna. Treze vidas nasceram novamente no último dia 4. Por meio do batismo, o primeiro sacramento da Igreja católica, cada uma das crianças recebeu o fundamento da vida cristã, a base trazida pela água e pelas palavras do Pe. Antônio Sobrinho: “Eu o(a) batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. A frase repetida por mais um ano significou à Escola La Salle Rio de Janeiro a realização bem-sucedida do batizado comunitário voltado para alunos, irmãos, filhos de funcionários e moradores do entorno. Ao invés da Varanda Cultural, no entanto, o rito se deu desta vez na capela do Colégio La Salle Abel, um pedido do Irmão Jardelino Menegat, diretor de ambas as instituições.
“Fizemos questão que vocês estivessem aqui, no centro da educação lassalista de Niterói. Hoje temos três obras (o Colégio La Salle Abel, a Escola La Salle RJ e o Unilasalle-RJ), mas nossa presença em Niterói começou há 65 anos aqui, neste espaço, que era o lixão da cidade e se transformou neste belo educandário de formação humana, de qualidade e cristã”, explicou Menegat, “Os pais ensinam o filho e a filha a falar, a andar. E ensinam o sinal da cruz. O que vocês estão fazendo hoje é dar a iniciação cristã, para que depois eles tomem suas próprias decisões. O cristão transforma o mundo, por isso felicito a todos por este passo dado hoje”.
Mary da Silva, de 53 anos, sabe bem a importância de ter segurado Valentyna Cristine Fonseca nos braços naquele sábado. A madrinha tinha lágrimas na hora da afilhada receber o batismo. “Eu gosto muito dos pais dela, considero como se fossem da minha família, lembrei da minha filhinha sendo batizada e as palavras do padre também me comoveram, tudo me emocionou muito. Sem fé em Deus, sem segurarmos Nele, não chegamos a lugar nenhum, quero que ela tenha essa certeza com ela. É por causa de Deus que eu estou de pé até hoje”, assegura Mary rendendo-se novamente ao pranto.
Valentyna tem dois anos. Cayo tem quatro. Estella tem pouco mais de três meses. Independente da idade, todos agora passaram a ser pontos luminosos, conforme o Padre Antônio Sobrinho fez questão de ressaltar em sua homilia, ao lembrar que “nascer de novo é um compromisso com Cristo, porque o cristão é o outro Cristo. Temos de ser luz no mundo para que as pessoas encontrem em nós um referencial de fé”.
A fala do pároco foi concretizada pouco tempo depois, quando os padrinhos acenderam a vela, representando seus afilhados, no Círio Pascal, que simboliza a luz do próprio Jesus Cristo. Antes do início do rito, o Irmão Fabricio Heinzmann relembrou aos presentes o encontro de formação ocorrido na semana anterior, no qual ele explicava esse e outros símbolos do batismo, como a água, que expressa a renovação, e o óleo, que traduz a fortaleza necessária para que o cristão enfrente desafios.
Aproximando as famílias da fé
Para muitas famílias essas eram informações desconhecidas, o que está por trás do surgimento do projeto do batismo. Nos 10 anos da Escola La Salle Rio de Janeiro, em nove deles o batizado é oferecido à comunidade, por conta de um desejo observado pela secretária Elane Martins ainda em 2009. “No ato da primeira matrícula dos alunos, verificamos que havia crianças cujas famílias tinham perdido a certidão de nascimento. E como fazer a matrícula sem ela? Montamos um projeto com a Fundação Leão XIII que dava todo mês um bloco com 50 isenções para a retirada dos documentos. Percebemos também nas fichas preenchidas no ato da matrícula que a maioria das crianças não era batizada. Nas respostas, os pais demonstravam que tinham vontade, mas não podiam por não serem casados ou pelos padrinhos não terem todos os sacramentos. Foi quando surgiu a ideia de tentar mudar esta realidade, junto do Padre Antônio e da Arquidiocese”.
Em maio de 2010 o primeiro grupo de crianças recebeu o sacramento do batismo, mas a ação da escola não parou por aí. Já foi realizada, por exemplo, campanha nas paróquias do entorno (Igreja de Santa Terezinha do Menino Jesus, Paróquia São Benedito, Paróquia de Fátima e Santuário das Almas), a partir da qual os padres incentivavam a acolhida das crianças e das famílias na Igreja. E em pouco tempo um novo projeto se desenhou. “Se naquela pergunta do ato da matrícula as famílias falavam da exigência do casamento entre eles, por que não realizar o casamento também? Foi o que nos perguntamos. Começamos a organizar os casamentos coletivos, com a ajuda da Fundação Leão XIII e do Padre Antônio”, explica Elane. Só de casamentos no cartório já foram 412 desde então, e 47 casamentos coletivos na Igreja, número que leva em consideração apenas os pais dos alunos, sem contar colaboradores que receberam o sacramento.
A colaboradora Francisca Sueli Soares (à direita) se casou com o companheiro Antônio em um dos casamentos comunitários e indicou para a irmã Liduina, que se uniu em matrimônio a Luiz Felipe
O sonho segue presente, aguardando novas histórias que queiram ser escritas a partir do matrimônio. Aguardando a formação de novas famílias, e de mais batizados como o do dia 4 de maio, quando no céu se fez festa por cada pequenino que aqui embaixo passava a caminhar mais perto de Deus.
Por Luiza Gould
Fotos de Adriana Torres
Ascom Unilasalle-RJ