Rede La Salle - o conhecimento emociona

20/12/2019

Bibliotecas

facebook twitter google plus

Tons de despedida

“Hoje eu tô muito emocionado”. Ao subir ao palco para protagonizar a sua participação na peça da turma, Miguel Aflalo, de 6 anos, verbalizou, espontaneamente, o que mandava o coração naquela tarde de quinta-feira. A emoção figurou na fala dele, no solo de Anna Cecília cantando versos de gratidão ao maior “Pintor do Mundo” (música de Padre Lucas), nos olhares de mães e pais que não queriam se despedir, na voz embargada da coordenação após receber homenagens, no abraço das professoras em seus alunos. No dia 12 de dezembro, 26 alunos do Pré II concluíram suas trajetórias de três anos na Escola La Salle Rio de Janeiro.

Um tempo de muito aprendizado, como Miguel sintetizava em sua fala decorada (“Aprendemos muitas coisas na nossa escola. As regras de convivência, os momentos de reflexão, a controlar o corpo”) e como reforça sua mãe, Janaína Aflalo. “Meu filho cresceu bastante aqui. O carinho das professoras, da coordenação, da direção faz a diferença. Eu sou mãe solteira, então vir nessa jornada com ele sozinha e perceber o quanto ele evoluiu é emocionante”, revelou a vigilante de 29 anos, “Eu estava passando por um momento muito difícil e a coordenação veio falar comigo, ‘Mãe, não falta, vem, tenha força para continuarmos até o finalzinho’. E nós viemos. Até amanhã, no último dia de aula, viremos, para ele abraçar as professoras, que têm esse papel tão lindo e que exige tanta paciência”.

As professoras do PRé II: Shirley Adão, Fernanda Golvea e Francislaine Scholz

Nem bem Janaína termina de falar, Miguel já emenda: “A minha mãe é muito boazinha comigo”. A sinceridade que vem tão naturalmente prossegue ao longo da entrevista, desta vez com ele próprio. Do que sentirá falta na escola, Miguel? “Eu vou sentir saudade dessa escola e vou lembrar dessa escola, sabe por que? Porque eu estou feliz”. Esse é um dos sinais de que a missão foi cumprida. Outros foram elencados pelo diretor, Irmão Jardelino Menegat. Ele participou da cerimônia de conclusão do Ensino Infantil desta vez sem estar acompanhado do diretor-executivo. O Irmão Fabricio Heinzmann está afastado para realizar seus votos perpétuos na Comunidade Religiosa Lassalista.

Em seu discurso, Menegat refletiu acerca da passagem bíblica que recorda como “o menino ia crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria e a graça de Deus repousava nele” (Lucas 2:40), dirigindo-se tanto aos alunos quanto aos responsáveis: “A nossa escola é uma escola que transforma vidas através da educação. Isto é, vocês aqui nesse tempo cresceram fisicamente. Jesus crescia em tamanho, em sabedoria e em graça. Crescia em tamanho porque toda criança cresce e depois fica grande, como a mamãe, o papai, a vovó. Crescia também em sabedoria. Sábio é aquele que consegue aprender muita coisa e consegue aplicar isso na vida. Quem é que não ouviu a sua filha ou o seu filho cantar assim: “Sou lassalista e posso lhe ajudar”? Quem é que não ouviu a criança rezando o Pai Nosso? Porque ensinamos a cantar, a se comportar, a rezar, isso é ser sábio. Jesus crescia ainda na graça, no relacionamento com Deus pai”.

Anna Cecília Souza Santos conhece bem esta relação com Deus pai. A formanda do Pré II canta na Igreja desde cedo e não à toa foi escolhida para um momento especial. Foi ao som de sua voz que a turma subiu ao palco para a primeira de duas apresentações da noite. Se perto de receber os certificados, eles cantaram e dançaram uma mixagem de suas músicas preferidas (“O Sol”, de Victor Kley; “Aquarela”, de Touquinho; “Peça Felicidade”, de Melim), logo no início apontaram para o céu enquanto Cecília adorava o maior pintor do mundo. “O maior pintor do mundo / Está pintando a minha história / Ele assinou na obra, que sou eu / E na assinatura está escrito: Deus”, dizem os versos da música de Padre Lucas. A mãe Lucidalva Rodrigues, de 28 anos, era só orgulho na plateia, da filha que representa o seu milagre. “Eu tive um problema de saúde enquanto estava grávida e por pouco e eu perdia a Anna Cecília. Ela sempre foi assim extrovertida”, conta a mãe, “Vamos sentir muitas saudades, sempre fomos acolhidos aqui, bem recebidos, comunicados de qualquer situação. Não tive nenhum problema nesses três anos, só tenho a agradecer. Eu queria muito que meu filho mais novo estudasse na Escola La Salle, mas também peço a Deus para que tenhamos mais condições e possamos dar lugar a quem precisa”. Citando a filantropia da La Salle RJ, que fornece educação gratuita a 100 crianças carentes, Lucidalva parece transmitir um recado, que a escola tentou também deixar às crianças, como legado: coração generoso é o que pensa no próximo.