Há algo de mágico no olhar que se volta para o alto e nas mãozinhas que sobem unidas para pegar o cai dali. Três moças, tão altas que podem tocar o céu, jogam de lá muito confete, recebendo como presente largos sorrisos. Formam também um túnel para que as crianças passem por baixo caindo no samba. Não demora muito para que o grande leque vermelho de uma daquelas moças vá fazer a festa da criançada em terra firme. É Carnaval na Escola La Salle Rio de Janeiro e é ano do maior Bailinho que já se viu por aqui. Com a participação de três pernaltas (uma delas coordenadora do curso de Pedagogia do Unilasalle-RJ), a folia encheu de vida a Varanda Cultural da Galeria, com a participação das cinco turmas da escola.
Na véspera, a coordenadora Maviane Lima já previa no grupo das professoras: “Preparam-se porque vai ser um dos melhores Bailinhos”. E não é que a tia Mavi, ou melhor a Carmen Miranda neste Carnaval, tinha razão? A começar pela diversidade e criatividade dos responsáveis, carnavalescos dos nossos pequenos, escolhendo a dedo cada look. “Como os pais seguem vestindo a camisa... Hoje tivemos bailarinas, sereias, piratas, além dos super-heróis. Tem um menininho vestido de safári, coisa mais linda, tem enfermeira, é fantasia que não acaba mais”, lista Maviane, explicando em seguida a decisão pelo fim dos títulos de Rei e Rainha do Carnaval: “Nós fazíamos todos os anos o desfile das crianças no refeitório. Tinha a faixa de Rei e de Rainha e era muito difícil porque todos os alunos mereciam ganhar. Mesmo crianças sem fantasia nenhuma, só com a camisa de algum personagem, vestiam aquela camisa com uma foça e atuavam, dramatizavam. Só isso já fazia delas merecedoras. Então, decidimos mudar para um baile com todos simplesmente se divertindo juntos”.
E põe diversão nisso. Laura, do Pré II, fantasiada de TikTok (“tia, TikTok é o vídeo que a gente grava e aí aparece no YouTube”, explica a menina do seu jeito), adorou jogar confete no Rael e ver as tias na perna de pau. Quem também não saiu de perto delas foi Mariah, recém-chegada à escola, da Creche III A. Na hora de ir embora, ela pediu para que Cecilia Guimarães, uma das pernaltas, se abaixasse um pouquinho para um beijo. Não deu para ser na bochecha, mas o afeto contagiou a coordenadora de Pedagogia. “Muitos professores fazem outras atividades sem ser a sala de aula e hoje tive a oportunidade de trazer esse lado lúdico para dentro da universidade. Comecei a andar na perna em 2019, e hoje foi a primeira vez que pude estar fazendo algo que gosto muito num espaço que também gosto muito”, celebrou.
A ideia do convite partiu de Maviane, que encontrou com Cecilia nas alturas em um bloco infantil de Niterói. Mais do que aceitar participar, a docente ainda trouxe duas amigas: a geóloga Taís Belloti e a professora de inglês Vanessa Leal, com as quais partilha a arte das pernas de pau em grupos como os Trigêmeos Pernaltas e as FlutuAndas. “O olhar deles quando chegamos foi algo único. E as perguntas, então? ‘Mas, como vocês subiram aí em cima?’ Muitas quiseram subir também. O Batman se pendurou nas minhas pernas de pau. Levantavam as perneiras, que cobrem os velcros, para ver o que que tinha embaixo”, lembrou Taís ao fim do Bailinho. Vanessa reparou ainda nos olhares de crianças mais crescidas: “Os jovens que estudam aqui e os funcionários estavam tão encantados quanto as crianças, querendo tirar fotos”. Outra cena que chamou a atenção dela foi a animação dos pequenos com um artefato que eles mesmo produziram junto das professoras. Com um rolo de papel higiênico decorado e uma bexiga presa ao fundo, alunas como Manuela, do Pré I, lançaram muitos confetes ajudando a fazer a folia acontecer.
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Por Luiza Gould / Colaboraram: Paula Jaqueira e Maria Eduarda Barros
Fotos de Adriana Torres
Ascom Unilasalle-RJ