Esta história poderia ser contada com o auxílio de números. Unidos, 18/07/2009 formam a data de inauguração do Centro Educativo e de Promoção La Salle (CEPLAS). Quase 1 mês depois, outra combinação resgata uma memória afetiva: 17/08/2009, quando as aulas tiveram início para cerca de 70 crianças com idades entre 3 e 5 anos. A notícia da oferta de educação básica em período integral e gratuita logo correu pelos arredores, chegando a muitas casas da comunidade mais próxima, o Pé Pequeno. Em 2010, 6 meses depois da abertura, as vagas preenchidas já chegavam a 100. E aos pés do Pé pequeno o sonho cresceu, mantendo a essência daquela primeira semente plantada por São João Batista de La Salle. Em 1679, ele abdicou de sua nobreza para oferecer educação de qualidade a crianças em situação de vulnerabilidade social em Reims, cidade da França. Em Niterói, cidade do Brasil, desde aqueles primeiros números postos lado a lado, construindo uma data, já são mais de 1.630 alunos atendidos pela agora Escola La Salle Rio de Janeiro em 15 anos de trajetória. A debutante celebrou seu aniversário em julho de 2024 reunindo, mais do que algarismos, vidas que nos trouxeram até aqui.

Uma dessas vidas é a do Pe. Antonio Sobrinho. Ele acompanhou o então arcebispo de Niterói, Dom Alano Pena, na caminhada pelas instalações naquele 18 de julho de 2009. Atualmente arcebispo emérito, Dom Alano aspergia água benta por todo o canto, como em várias ocasiões passou a fazer o Pe. Antonio, capelão do Colégio La Salle Abel. Seja na celebração de Domingo de Ramos, na Páscoa, na Coroação de Nossa Senhora, no Natal ou nos tradicionais batizados comunitários, lá está o pároco pronto a abençoar. Não foi diferente em 27 de julho de 2024, quando ele celebrava a primeira missa em Ação de Graças pelos 15 anos. “Que Deus possa suscitar, cada vez mais, homens e mulheres com os ideais de São João Batista de La Salle, para acolher essa multidão de crianças e não perguntar como vamos alimentá-las, mas convidar a se sentarem e partilhar o que temos. Isso é ser La Salle, isso é ser cristão”, afirmou o padre, fazendo alusão ao Evangelho da data, acerca da multiplicação de pães e peixes por Jesus (Jo 6, 1-15).

Maviane Lima tem feito essa multiplicação desde que assumiu a coordenação pedagógica, há seis anos. Muito antes, no entanto, já era multiplicadora em sala de aula. Ela chegou como estagiária na escola, em novembro de 2009, depois de três meses de tentativas. Então aluna de Pedagogia do Unilasalle-RJ, tinha tanta vontade de construir junto aquele sonho, enquanto construía sua própria trajetória profissional, que enviou cerca de 30 currículos. Quase 15 anos depois, Maviane lidera a equipe de 33 educadores, entre professoras e colaboradores, constrói projetos pedagógicos, recebe os pais dos alunos e supervisiona individualmente o desenvolvimento de cada criança. Na missa realizada no Abel, Maviane recebeu uma placa em agradecimento à sua dedicação, pelas mãos do diretor, Irmão Jardelino Menegat.

Já Maria Eucy Silva recebeu flores como homenagem. Tia Eucy é uma das vidas para além dos números inseparável da história de 15 anos. Professora da escola desde a sua fundação, ela já passou por todos os segmentos e atualmente é professora do Pré II. Paciente, carinhosa, zelosa são alguns dos adjetivos que costumam vir seguidos de seu nome, assim como uma sentença: ela faz educação por amor. Neste fazer, uma de suas alegrias foi ver o filho caçula José Luiz ingressar e concluir sua formação básica na escola, se destacando pela capacidade oratória. O desempenho do pequeno acima da média foi seguido pela conquista de uma bolsa no Abel.

Trajetória semelhante tiveram os irmãos Lucas e Marianne Eleutério, anos antes. Eles representam nesta matéria as vidas pelas quais essa história existe: as dos alunos. Apesar de não poderem estar nas celebrações oficiais pelos 15 anos, os gêmeos fizeram questão de participar do Arraiá da Escola La Salle, quando puderam rever suas professoras. Eles foram os primeiros egressos do então CEPLAS a conseguir a gratuidade e prosseguir os estudos na Rede, o que fazem até hoje, somando 11 anos como lassalistas. Lucas, assim como José Luiz, tinha na creche o dom de memorizar histórias e narrá-las, como se estivesse lendo. E mantém a veia comunicativa. Em vídeo enviado para parabenizar a escola pelo aniversário, ele agradece nominalmente professoras e colaboradores pelos três anos passados ao lado deles. Já Marianne menciona o carinho e o apoio, levados para a vida.

Os legados esperados a partir desse primeiro contato com os estudos são a gratidão, a paixão e a esperança, três palavras que o Irmão Jardelino Menegat, diretor da La Salle RJ, escolheu para usar no dia 2 de agosto. Se em julho o aniversário foi celebrado com missa para educadores seguida de uma confraternização no Centro Cultural do Abel, em agosto foi a vez de comemorar com as crianças. Foi para elas e seus pais que o diretor se voltou naquela tarde. “Gratidão ao passado, muita paixão no trabalho que nós fazemos hoje e esperança que essas crianças sejam boas, que esses valores aprendidos possam repercutir na vida delas”, afirmou. Quem presidiu a missa naquela ocasião foi o Pe. Pedro, capelão do Unilasalle-RJ. Suas palavras ecoaram na Varanda Cultural para exaltar cada um que faz da Escola La Salle Rio de Janeiro lugar de gente, mais do que de números: “Parece que, às vezes, não conseguimos dar valor ao simples, ao pequeno, mas Deus se fez simples e pequeno no meio de nós e Jesus quer ser reconhecido nas crianças, nos alunos, nos nossos filhos, na nossa casa, no nosso lar, na vida cotidiana. Deus está em cada uma dessas crianças, que precisam do melhor que temos a oferecer para elas, o melhor de nossos corações”.

Como em todo aniversário, não podia faltar o bolo, que foi partilhado tal qual nas refeições diárias. A presença do Lassalinho tornou completa a festa de debutante. Confira fotos na galeria abaixo e no Facebook.

Por Luiza Gould
Fotos de Adriana Torres
Ascom Unilasalle-RJ