O Diretor do La Salle Abel, Ir. Marcelo Piantkoski, concedeu uma entrevista à Revista O Flu, veiculada no último domingo (02/09), e listou alguns motivos para escolher o Abel como Escola dos seus filhos. Confira a entrevista abaixo:

Como escolher a escola do seu filho?

Marcelo Adriano Piantkoski, diretor do Colégio La Salle Abel

O que os pais devem observar na hora de escolher uma escola para seus filhos?

Qual é o melhor projeto de educação para o jovem que sua família quer matricular? É essa a primeira questão a ser respondida na hora de escolher a escola. Cada instituição tem seu jeito, cada escola tem seu projeto e são muitas opções só aqui em Niterói. Além disso, vivemos em um tempo em que há umas empresas que não têm nem jeito, nem projeto, mas são só soluções de mercado. E também nelas a família precisa pensar (e, na minha opinião, se afastar).

Algumas escolas de Niterói têm uma história consolidada em várias décadas de existência. São instituições que trazem consigo a marca do tempo, da tradição, as memórias de gerações que estudaram em seus bancos. Se continuam abertas, é porque também souberam enfrentar os desafios do presente. Para mim, essas opções oferecem maior segurança às famílias, que saberão que seus descendentes não estarão em quaisquer mãos e nem de qualquer forma. Eu trabalho em uma instituição que tem um passado que todo mundo sabe que é glorioso, vive seu presente colecionando vitórias em cada desafio e, com alegria, posso dizer que está preparada para um futuro não menos nobre.

Qual estrutura mínima deve ser oferecida para criança?

Solidez, carinho e perspectiva. Eu sei que você esperava que eu falasse sobre salas de aulas confortáveis, coloridas, com ar condicionado, internet e quadros interativos. Acho que muitos leitores imaginariam que eu ia citar quadras poliesportivas, ambientes equipados com o que for necessário para arte, para a ciência, para a reflexão, para o esporte, para a espiritualidade. De fato, na escola onde eu trabalho, há tudo isso e ela está aberta a qualquer um que quiser conhecê-la. Mas, desculpe-me, eu entendi a pergunta de outra forma.

Tanto a família quanto o estudante precisam se sentir seguros na instituição de ensino a ser escolhida. Seguro contra as intempéries climáticas, seguro na entrada e na saída, mas também no interior do horário de aula. Seguro no que diz respeito ao modo como as relações serão estabelecidas, mantidas e lembradas. De um lado, temos ambientes de ponta e os equipamentos mais modernos da região, mas, de outro, oferecemos um clima em que nossos alunos, professores, colaboradores e famílias se sintam confiantes de si e também em nós.

Carinho, porque todos precisamos de carinho nesse mundo cada vez mais hostil. Acredito que todos precisamos entender que somos humanos abrindo trilhas a foice em uma selva de máquinas. Lá pelas tantas, precisamos dividir a água, a comida, encontrar lugar para descansar e, nesse momento, nós nos olhamos como vindos de tribos diferentes, de épocas e lugares às vezes opostos, mas como um só grupo. Eu represento uma escola que tem um lindo prédio e um monte de máquinas legais dentro dela, mas, mais que isso, é uma escola que é feita de gente. Gentes de todas as raças, tipos, jeitos, mas abraçadas na missão de construir um mundo melhor para todos nós.

E perspectiva, porque escola serve para dar isso ao homem. Quando a pessoa sai de casa e começa a chover de repente, ela precisa de um guarda-chuva, de dinheiro para comprar um guarda-chuva ou de um alguém que possa lhe oferecer um abrigo. Tudo isso são instrumentos. Nossa escola não prepara a vida, porque a vida não está fora da nossa escola, mas dentro dela. A instituição onde eu trabalho instrumentaliza: dá o guarda-chuva, meios para comprá-lo ou estratégias para o abrigo quando (e se) o problema aparecer. Ter perspectiva não é o mesmo que ter um objetivo. A gente se ajuda a construir e a retraçar objetivos, sim, mas nosso foco está no como alcançá-los. E esse alcance começa já. Quem é da nossa comunidade escolar planta, colhe, desfruta e replanta em um processo contínuo e ininterrupto. Para nós, isso é ter perspectiva.

Do que foi citado, o que costuma faltar e pode comprometer a educação do estudante?

Para nós, qualquer problema é bom. É o problema que conduz às soluções. As coisas que faltam são as oportunidades que a gente tem de se impor, de conscientizar, de protagonizar a existência e de ocupar o lugar. Entrando, por outro lado, na tua pergunta, acho que o que pode comprometer a educação não é o que falta ou que venha a faltar, mas aquilo que sobra. Tudo aquilo que não serve para nada, que não é significativo é o que atrapalha.

Em nossa escola, sobra conhecimento. Somos líderes em aprovação nos vestibulares e no ENEM e nossos ex-alunos sempre chegam a cargos de liderança em seus trabalhos há décadas. Nossa pergunta é o que fazer com tudo isso? A escola que eu represento quer se conectar ainda mais com a comunidade e dispor seu processo de construção do conhecimento aos interesses do entorno.

No ABEL, sobram atividades esportivas e também sobram ações de valorização das expressões artísticas. Nossa questão é como dividir isso com a comunidade de modo que os méritos não fiquem dentro de casa, mas sejam comemorados pela região onde nós, pessoas, estamos inseridos.

Em 2019, nosso programa de escola bilíngue para todos os alunos será implementado. Sobrarão reflexões sobre comunicação e linguagem entre as pessoas, povos e culturas. De que maneira essas reflexões nos ajudarão a estreitar laços com o mundo, nos ajudarão a nos conhecermos melhor e a valorizar o outro em suas diferenças e em suas riquezas?

Aquilo que falta não compromete? Sem qualquer soberba, mas com muito orgulho, estamos preocupados com aquilo que nos sobra, porque nunca, em 63 anos de história, algo nos faltou.

Nesse contexto, que erros os pais mais cometem na hora escolher a escola e como evitar isso e fazer uma escolha mais assertiva?

O maior erro dos pais na escolha de uma escola privada para seus filhos é confundir formação com status social. Nesse ponto, estão as opções que visam ao valor da mensalidade, o que nada tem a ver com excelência em educação. A escola que eu dirijo não é a escola que tem a menor mensalidade em Niterói, nem tampouco é aquela que tem o valor mais caro. Acreditamos que a família interessada em nos conhecer melhor entenderá de que maneira a mensalidade é construída e terá meios de negociar sua entrada à nossa comunidade escolar.

Outro erro grave é o foco no acesso ao ensino superior. Toda escola se orgulha dos seus ex-alunos que obtêm os melhores resultados nos processos seletivos sejam eles quais forem. Mas as escolas verdadeiras sabem que a educação vai muito além de um resultado em alguma avaliação. Quem é verdadeiramente do ensino entende que seres humanos não podem ser comparados entre si, mas comparados consigo próprios a partir de suas vitórias individuais. A instituição que se apoia única e exclusivamente nesses resultados faz do aluno uma peça de engrenagem e, no ABEL, nós sabemos que o aluno é uma engrenagem inteira, talvez a máquina, a fábrica e, com certeza, um mundo inteiro.

O ABEL faz parte de uma rede mundial de escolas dirigidas pelos Irmãos das Escolas Cristãs, congregação fundada por São João Batista de La Salle, no século XVII, na França. Nesses trezentos e quarenta anos de história, vários homens abdicaram de outras possibilidades em suas vidas para se dedicar à causa da educação. Nesse sentido, para mim, Marcelo Piantkoski, a educação não é uma alternativa, um item, um compromisso de agenda. É a própria vida. O ABEL nasceu com o compromisso de ser escola como eu nasci com a vocação de ser educador. Não estamos no mercado, mas estamos no mundo como qualquer pessoa. O mercado nos atravessa, mas não nos define. O que nos define é a nossa existência e a nossa existência depende dos seres humanos que nos construíram, nos constroem e nos construirão. Que muitos dos leitores venham, de alguma forma, a fazer parte dessa história.