Elas viraram a Elza com o incrível poder de congelar o que tocam, foram a Bela na valsa, com seu longo vestido de baile amarelo, mergulharam no fundo do mar pegando carona com a Ariel. Eles domaram dragões, correram mais rápido que Simbá, o eterno Rei Leão, desbravaram a floresta. Fosse menina ou menino, da menor faixa etária a maior, os olhos de cada um vagavam longe, criando mundos imaginários para as fantásticas aventuras lidas logo ao lado, pelo padrinho ou madrinha. Realizado nos dias 24 e 26 de outubro, o Café Literário cumpriu mais uma vez o seu objetivo: deixou nas crianças da Escola La Salle Rio de Janeiro o gostinho de quero mais.
O evento no qual funcionários e alunos da rede, além da comunidade em geral, apadrinham os pequenos presenteando-os com livros, um legado e tanto para o futuro, segue a despertar a curiosidade. Apesar da maioria ainda não saber ler, os aluninhos do 1º ao 3º período se divertem enquanto exercitam a imaginação. “A cada hora ela inventava uma história em cima do que eu estava lendo”, conta Giovanna Torres. A aluna do Colégio La Salle Abel tem apenas 11 anos, mas já pode ser considerada madrinha. Pela primeira vez ela participou do Café Literário, para alegria da afilhada Isabelly Elis Pereira, em seu último ano na La Salle RJ.
Giovanna compartilhou com a nova amiga o conto de “Cachinhos Dourados” em versão da Turma da Mônica. “Li o livro para ela e depois ficamos brincando, descobri que gostamos do mesmo jogo de celular”, lembra, “Quando era da idade da Isa tinha sempre muitos livros comigo, agora leio obras maiores, que demoram mais para acabar. O último, ‘A Seleção’ (Kiera Cass), tinha 336 páginas. É muito importante o contato desde cedo porque já incentiva a interpretação”.
No caso da estudante, um laço foi criado no dia 26, mas o Café Literário também serviu para escrever um novo capítulo em um enredo antigo. Coordenadora da Galeria La Salle, Angelina Accetta foi uma das funcionárias a participar da ação. Seu escolhido foi José Luiz de Souza Neto que, quando questionado sobre a sua graça, fala nome, sobrenome, soletra tudo, dá o endereço e o número do telefone do pai. Com 6 anos, o pequeno se destaca na turma do 3º período pela grande capacidade de assimilar informações. Foi ele o narrador da peça “João e Maria” na Mostra Literária, responsável por contar toda a história de cabeça. “José faz parte da história da La Salle RJ. Sua mãe, ex-aluna do Unilasalle, ingressou como professora e três meses depois estava grávida dele. Sempre participou das comemorações, me deixando admirada pela inteligência e sensibilidade. Sinto como se fosse também sua mãe”, se emociona Angelina, sem deixar de citar ainda a importância da iniciativa literária:
“Ao contar histórias para as crianças, assume-se um importante papel no processo de contrição do conhecimento. Passamos a ser agentes formadores de pessoas melhores, mais concentradas, criativas e ágeis para encontrar soluções na vida prática”.
Além das fábulas nos presentes dos padrinhos, as turminhas puderem embarcar nos clássicos saídos do âmbito da fantasia para o mundo real. Ana e Elza, de “Frozen: Uma Aventura Congelante” souberam do Café e vieram dar um pulinho para conhecer os leitores mirins no dia 24. Dois dias depois, era a vez de Branca de Neve e Cinderela se tornarem de carne e osso em um passe de mágica, como nos melhores sonhos do Pinóquio. A festa ficou completa com torta salgada, refresco e bolo de chocolate.
O Setor de Ação Comunitária fez a encomenda do doce à confeiteira Franciany Rodrigues, aluna do 5º período de Administração. A graduanda de 24 anos participou de todos os processos, arrecadando dinheiro revertido na compra dos ingredientes (foram dois bolos, um para a abertura do evento e outro para as crianças carentes do Projeto Desabrochar), colocando a mão na massa e, depois, comendo ao lado dos seus dois afilhados: Larissa de Oliveira Lopes e Saulo Matheus Veras dos Santos, do 2º período B. “Para ela dei caixa da Disney com quatro livros de princesas e para ele os clássicos dos meninos, como O Rei Leão, Mágico de Oz. Estavam muito empolgados, pediam para eu repetir e um prestou atenção na história do outro. É uma forma de estarmos mais perto deles e incentivar, ao mesmo tempo, a leitura”, concluiu.
E o que o José Luiz tem a dizer do Café Literário 2016? Com vocês, a descrição dele: “Eu adorei a tia Angelina ser minha madrinha. O livro 'Como treinar o seu Dragão' é legal, eu tinha que ir pegando os personagens e montando. Cada vez eu sabia o nome de um: Soluço, Banguela, Tempestade, Astrid, Cabeça Dura e Cabeça Quente, Vômito e Arroto. Eu já tinha assistido no cinema. Gosto muito de livros, mas tenho poucos. Cada dia literário eu ganho um novo, guardo e antes de dormir minha mãe conta a história para mim”.