Benta, viúva de um senhor de engenho, vive em um sítio, mas engana-se quem pensa se tratar de uma vida solitária, já que ela guarda um segredo: seu amor pelos livros, uma inspiração e tanto para as aventuras dos seus netos Pedrinho e Narizinho por um mundo de bonecas falantes e sabugos de milho intelectuais. Dizem que Felipe é meio louco por ouvir sempre uma única música e inventar máquinas que não funcionam muito bem. Mas, sua mania de ser detetive nas horas vagas faz com que o neto Marcos mergulhe numa investigação de tirar o fôlego. A personagem do livro "Reinações de Narizinho" (Monteiro Lobato) e o fiel companheiro de “O avô mais louco do mundo” (Roy Berocay) são exemplos de grandes avós saídos da literatura. Nas páginas da Escola La Salle RJ, muitas são as histórias de heróis reais, vovós e vovôs que merecem todas as homenagens no 26 de julho.
Conheça nesta matéria especial Dia dos Avós alguns deles:
Carlos Alberto Soares, 75 anos
Avô do Arthur - 2º período
“Apesar de ver o pai diariamente, deles terem um ótimo relacionamento, o Arthur e minha filha moram comigo, então eu também crio. Ele é meu xodó, sou acusado de estragá-lo porque, no fundo, somos melhores amigos. Faço o impossível pelo meu neto, viro um garotão. Sento no chão, jogo bola, brinco de carrinho, já que ele não gosta de brincar sozinho. Sou eu quem o acordo, arrumo, dou o café da manhã, minha mulher nem se mete em nada. Quando chega da escola, faço a bananinha, dou a geleia que ele adora. Às vezes, fico até meio encabulado porque o Arthur pede para a mãe para eu dar o banho, a janta, fazer tudo. Grude total”.
“O momento mais importante que vivemos juntos foi o nascimento. Eu fui com a minha filha, e lembro até hoje daquela coisinha bonitinha, cabeludinha, pequenininha, na maca junto com a mãe. Meu neto é um garoto muito bom, não faz pirraça, não fica de birra, nunca reclamou de nada, nunca o vi chorar, nem quando se machuca”.
“Não vejo muita comemoração pelo Dia dos Avós, não é aquela reunião como o Dia das Mães, ninguém faz nada diferente, não almoçamos fora, pelo menos lá em casa, mas acho importante, porque o Arthur é muito especial para mim”.
Fatima Soares, 62 anos
Avó do Yago Davi - 2º período
“São tantos momentos bons que se eu for falar, vamos ficar a tarde inteira, mas vou tentar resumir. O Yago é uma criança carismática, carinhosa. Me tem como a vó bonita que nunca vai deixá-lo. Além dele e de uma neta, eu cuido da minha mãe, com 99 anos, que vive no Ceará. De seis em seis meses viajo e ele fica morrendo de saudade, liga para mim, manda mensagem. Vi o Yago nascer, peguei no colo ainda molinho, tenho acompanhado toda a trajetória na Escola La Salle RJ. Aqui é um exemplo de colégio, de ensinamentos, de valores. Ajuda muito na criação”.
“O pai dele não é daqui, mora no Sul, e já foi pensado no Yago ir para lá. Mas ele não quer, me pergunta: ‘Vovó como vou embora sem levar você? Porque eu vou cuidar de você”. São muitos gestos, muitas formas de se expressar que não tem nem como guardar tudo. Deixa a cama dele para dormir comigo, diz que eu sou a avó cheirosa, a avó querida, a avó que dá o leite”.
“Avó é mãe duas vezes, avô é pai duas vezes. Nos sentimos realizados. Tenho uma filha única e achei que fosse parar nisso, mas minha família cresceu através deles dois, o Yago tem uma irmã. O significado desta data é muito bonito, dá orgulho”.
Ilza Nogueira, 68 anos
Avó do Matheus - 2º período
“Essa é uma história triste e boa ao mesmo tempo. A minha filha é mãe solteira, no dia do parto eu que fui e ela quase teve eclâmpsia. O Matheus por pouco teve que ficar na UTI Neonatal, por conta do coração dele. Foi uma luta muito grande, mas falei que ficaria com ela o tempo todo, como estou até hoje, quase 5 anos depois. O nome do meu neto significa “dom de Deus”, então é uma alegria muito grande em nossas vidas. O Matheus é uma criança levada, mas carinhosa, que chega perto de mim e fala: ‘Vovozinha, eu quero ficar contigo, quero você’. Traz todo dia flor para a professora. Nós somos um grude. Ajudo no que é possível, trabalho, sou massoterapeuta. Fico orando a Deus para minha filha conseguir se colocar melhor, fazendo com que eu possa trabalhar um pouco menos e curtir mais os dois”.
“Foram marcantes o aniversário de 1 ano, até realizado no play da Karla (Karla Bustamente, coordenadora da La Salle RJ), para ser mais viável para nós, o de dois anos, o de quatro que não podíamos fazer festa, mas ele curtiu no McDonald’s com os amiguinhos. Também guardo com carinho o Dia das Vovós que tivemos aqui no ano passado. Havia um pano no chão e cada uma foi convidada a ir lá na frente, para deixar um retalho representando o neto. Ele é meu presente, isso que falei na época. Esse sábado fomos para Guapimirim, e vou guardar na memória uma travessura. O Matheus descobriu umas caixas de estalinho, e ia pegar escondido com o meu outro neto para estalar até na mão, sem medo nenhum. Por falar em caipira, a festa julina da escola também foi muito boa. Ele dançou com a Juju, fez ela rodopiar”.
“Tem o Dia da Mãe, o Dia do Pai, então ter o Dia dos Avós é ser também lembrado, reconhecido”.
Maria José Rangel de Mendonça, 59 anos
Avó da Maria Clara - 2º período
“A minha neta, Maria Clara Rangel de Mendonça Ferreira de Lima, com esse nome de princesa, tem 4 aninhos, faz aniversário dia 29 de março, um dia antes do avô e para ela é Deus no céu e o vovô na terra. Minha filha teve a Maria Clara com 15 anos, então foi um susto enorme, ainda mais para mim que fui mãe só com 39 anos. Tive que contar com o apoio da família para entender aquele momento. Mas depois foi só alegria. Durante a infância da Sarah eu trabalhava fora, agora estou aposentada, podendo vivenciar o que não vivi. Mas a Sarah sempre teve um medo danado da Maria Clara me chamar de mãe, sempre foi aquela mãezona. Então todos passaram em casa a me chamar de ‘vó’ para a pequena assimilar melhor”.
“O nascimento foi muito especial, o batizado aos 3 aninhos é outro momento marcante. Mesmo com dificuldades, fizemos a festa de 1 ano”.
“No Dia dos Avós recordamos Sant’Ana, avó de Jesus. Antigamente não havia este festejo, mas é uma forma de mais pessoas a conhecerem. Então mais do que pelo presente para a vovó vejo pelo lado religioso”.
Nerildo Roberto Rosa, 69 anos
Avô do Henrick - 2º período
“Somos amigos, parceiros, juntos demais. O Henrick mora comigo, por isso, sou cheio de ciúmes e vice-versa. Foi algo que apareceu na nossa vida que só traz alegria (neste momento, Nerildo chora). Pedi 15 dias de férias no serviço para curtir o meu neto. A avó dele vai viajar e eu não quero ficar de fora, vou levar o Henrick para conhecer a bisa dele, minha mãe, que tem 90 anos. O pessoal do trabalho já está acostumado, visito clientes, mas a partir das 16h não marco compromisso nenhum, é o horário reservado para ele. Comprei um celular e ele gosta de pegar para ficar jogando, me mostra. Mas o que ele gosta mesmo é de encenar. Eu acho que o Henrick vai ser ator ou diretor. Vez por outra diz: ‘Vovô, vamos brincar de teatro, agora o senhor vai fazer o que eu mandar’. E sempre cheio de atitude, sabe ser insistente, quando quer alguma coisa, quer mesmo. Também gosta de ouvir músicas, cantar. Eu já cantei na noite, tocava em um conjunto, talvez venha daí o interesse. Meu neto fala agora que quer uma guitarra, para aprender a tocar rock”.
“Teve uma vez que ele começou a cantar no ônibus. Estava aquele silêncio e ele começou a cantar, daí todo mundo começou a observá-lo, e ele estava tão distraído cantando não percebeu que estavam olhando. Quando notou que todos estavam olhando, começou a chorar! Ficou com vergonha, é mole? Então eu o acalmei: ‘Não chore, eles estão te admirando’, Outro momento marcante foi quando ele me mandou uma mensagem uma vez, ele disse: ‘Vovô, eu quero lhe falar uma coisa, eu te amo muito. Aí eu me emocionei”.
“Sobre o Dia dos Avós, posso dizer que sou um avô muito presente, o que eu vivo com ele hoje, eu já vivi com a minha outra neta. Levar para creche, dar banho, comida, tudo sou eu. Então, pela manhã eu acordo e organizo a roupa dele, faço o mingau dele, a minha esposa arruma, e trago ele para a La Salle RJ. Fico doido para chegar a hora de buscá-lo! Eu sou pai duas vezes, tem esse mito de que os avós estragam. Mas não é estragar, é um carinho mesmo, eu fui muito carinhoso com meus filhos, e o que eu faço com meus netos hoje, eu fazia com eles antigamente. Nunca pensei que um dia eu seria avô, mas agora que sou, eu acho muito bom”.
Tânia Regina de Alburque, 61 anos
Avó da Julia - 2º período
“A Julia mora lá em casa, porque minha filha decidiu ficar comigo para terminar a faculdade. É o meu grudinho, primeiro tem que dormir comigo para depois ir para a cama dela, eu que tenho que dar banho, comida, vestir de manhã, ela quer fazer tudo comigo. O gênio da Juju não é fácil, mas em compensação é extremamente meiga, uma professora inclusive a chama de ‘chicletinho’. Eu uso o perfume da Johnson & Johnson, porque tenho dor de cabeça. Por ter esse cheirinho de bebê ela elogia muito também. Ela fica esfregando o narizinho na gente, me beija o tempo todo, fala eu te amo. Não é por falta de carinho que ela assim tão próxima das pessoas, pelo contrário, há um excesso devido ao fato dela ser a primeira criança em muito tempo lá em casa. Minha filha mais velha vai fazer 40 anos agora, onze anos depois tive o meu menino e logo depois a Jéssica, a mãe da Juju. Teve uma época que era da universidade ao jardim. A mais velha entrando no ensino superior e a mais nova na creche. A Júlia virou, portanto, o xodó. O único senão é a comida, só come espaguete no alho e óleo, sem molho, purês, nuggets na Airfryer e ovo cozido. A escola vem tentando trabalhar essa alimentação, mas ainda não tivemos muitos resultados”.
“O meu sonho para a Júlia é que ela goste de estudar como os tios e a mãe. A Priscila fez Enfermagem na UFF, o do meio fez Direito no Unilasalle-RJ e a caçula está concluindo Letras na UERJ. Espero que ela siga o exemplo. Hoje já estudando é difícil, imagina sem. Já são muitas as facilidades para se afastar de um foco, ambiente, festas, certas amizades. Temos que investir, portanto, em um começo perfeito”.
“Para mim o Dia dos Avós é mais uma forma de homenagem, porque já recebo uma todo ano enquanto mãe. Mais uma celebração”.
Susi Nunes Ferreira Campos, 61 anos
Avó da Gabriella - 3º período A
“A Gabriella costuma sair da escola e ir para a minha casa, chega na sexta-feira então é uma alegria porque vai passar o fim de semana inteiro. Ela mesmo pede para ir, com um avô também é um chamego só, um dengo por ser a neta caçula. No 1º período dela na La Salle RJ, vinha me procurar na porta da cozinha todo dia quando chegava, pedindo um copinho de leite. De lá para cá já foi se acostumando, está tão independente que nem procura mais a vó, nem fico sabendo se ela chegou e está na sala. Graças a Deus, ela se adaptou muito bem aqui. Essa escola é uma casa para as crianças através do tratamento dado por professoras, coordenadoras, o alimento sempre de ótima qualidade. Amo cozinhar para eles. O tempero é natural, cebolinha, orégano, tudo muito simples, não sei por qual motivo a comida fica gostosa, talvez por conta do amor que coloco. Amo quando eles vêm me pedir mais carne, quando os vejo comendo com vontade. Já é das crianças gostar da comida da vó e a Gabi tanto aqui quanto em casa não quer saber de outra”.
“Ela é bem carente de pai, a figura paterna é o avô. Então tanto ele quanto eu entramos na brincadeira, tentando suprir esta ausência. Conversamos com as bonecas, dou uma comidinha para ela dar para as ‘filhas’, tecido para as roupinhas delas...”
“Eu nem sabia que tinha Dia da Vovó, passei a saber na escola. Acho que é todo dia porque a gente paparica tanto os netos, né?”